A vida de Santo Expedito:
Origem histórica:
Mártir de Metilene, é pouco conhecido dos historiadores, mas sua
existência é certa.
Santo Expedito, segundo a tradição, era armênio, não se conhecendo o
lugar de seu nascimento, mas parece provável que seja Metilene, localidade onde
sofreu seu martírio.
A Armênia é uma região da Ásia Ocidental, situada ao Sul do Cálcaso,
entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, nas margens dos Rios Tigre e Eufrates.
Essa região foi sempre considerada uma terra de predileção. Aliás, pelo
testemunho da Sagrada Escritura, foi sobre as montanhas armênias do Ararat que
a Arca de Noé pousou quando as águas do dilúvio baixaram (Gênesis, 8.5).
A Armênia foi uma das primeiras regiões a receber a pregação dos
apóstolos Judas Tadeu, Simão e Batolomeu, mas também local de inúmeras
perseguições aos cristãos. Essa região foi regada com o sangue de muitos
mártires, entre eles Santo Expedito.
Sua cidade natal (com toda probabilidade) não passa hoje de uma pequena
localidade chamada Melatia, cidade construída no século II pelo imperador
romano Trajano.
A partir de Marco Antonio, tornou-se residência da 12ª Legião,
conhecida como "Fulminante", cuja missão era defender o império
romano dos bárbaros asiáticos. Hoje Metilene é uma cidade mística e simples,
onde sua população vive em calma, longe das agitações políticas.
Além de Santo Expedito, que foi levado à morte a 19 de Abril de 303,
sob o poder de Deocleciano, lá veneram-se outros Santos mártires, entre eles:
São Polieucto, outro oficial do exército romano que foi martirizado no século
III.
Deocleciano subiu ao trono de Roma em 284. Por seu ambiente e por seu
caráter, parecia oferecer aos cristãos garantias de benevolência, pois havia em
seu palácio a liberdade de religião, sendo, inclusive, sua esposa Prisca e sua
filha Valéria, cristãs, ou ao menos, catecumenas.
Sob influências de Galero, seu genro, pagão convicto, determinou a
perseguição dos cristãos, ordenando a destruição de igrejas e livros sagrados,
a cessação das assembléias cristãs e a abjuração de todos os cristãos. Galero,
sempre incitado por sua mãe, também pagã, queria abolir para sempre o
Cristianismo e através de insinuações maldosas e hábeis calúnias, fez crer a
Deocleciano, que o cristianismo conspirava de várias formas contra a augusta
pessoa do imperador.
Deocleciano, então, empreendeu a exterminação sistemática dos cristãos,
envolvendo, inclusive, os membros de sua própria família e os servidores de seu
palácio. Foi uma hecatombe sangrenta: oficiais, magistrados, o bispo da
Nicomédia (Antino), padres, diáconos, simples fiéis foram assassinados ou
afogados em massa.
Somente em 324, com a retomada da autoridade do imperador cristão
Constantino, foi que tiveram fim as terríveis perseguições que durante três
séculos tinham ensanguentado a Igreja. .
O Guerreiro
Voltando à história de Santo Expedito, a tradição refere-se que ele era
chefe da 12ª Legião Romana, cognominada "Fulminante", estabelecida em
Metilene, sede de uma das províncias romanas da Armênia. "Fulminante"
lhe havia sido dado em memória de uma façanha que se tornou célebre.
Durante uma campanha da Germânia, na região dos Quades, no nordeste da
Hungria atual, o imperador Marco Aurélio foi cercado pelos bárbaros, ficando
sem água e provimentos. Marco Aurélio orou como lhe ensinava sua filosofia e
fez com que fossem feitos encantamentos pelos mágicos, companheiros
indispensáveis, à época, dos exércitos.
A 12ª Legião, recrutada no Distrito de Metilene, na Capadócia, formada
em grande parte por soldados cristãos, reuniram seus soldados fora do campo,
onde ajoelharam-se e oraram ao verdadeiro Deus.
Esses milhares de homens em oraçào e com os braços abertos formaram um
espetáculo tão estranho que os inimigos pararam surpresos. Uma chuva abundante
se pôs a cair, foi quando os soldados romanos saciaram sua sede e fizeram o
inimigo recuar. Depois, caíram raios e granizos sob os bárbaros, com tal
violência, que os mesmos debandaram em pânico. Como se vê, Santo Expedito
estava à testa de uma das mais gloriosas legiões, composta, em grande parte,
por soldados cristãos.
O Soldado Cristão
Mas a história que documenta as façanhas desta legião, infelizmente, é
bastante sóbria em detalhes da vida de seus chefes. Ela nada nos diz sobre
Santo Expedito. Podemos supor que ele distinguiu seu comando pelas virtudes de
cristão e de chefe ligados à sua religião, à seu dever, à ordem e à disciplina,
dando, em todas as circunstâncias, o exemplo das mais belas virtudes.
O ardor bastante conhecido do generoso soldado Expedito e sua situação
de chefe de legião, chamou a atenção de Deocleciano, quando as perseguições
começaram em Metilene. Entre muitos que já haviam pago com a vida estavam:
Maurício, outro chefe de legião, Marcelo, centurião romano e Sebastião, tribuno
da guarda pretoriana, hoje conhecido como São Sebastião. Sendo assim, Expedito
e seus companheiros de armas, cheios de admiração pelo capitão Sebastião,
deveriam ter prometido imitar sua conduta, devendo crer, inclusive, que teriam
que sofrer a mesma sorte, quando das perseguições cristãs, enfrentando a morte
a ter que renunciar sua fé.
Martírio e morte
Podemos supor que ele também foi sacrificado por recursos do império.
Sabe-se que era concedido ao cidadão romano o privilégio de somente perecer
pela espada. São Paulo, por ser cidadão romano, foi beneficiado por essa lei e
teve a cabeça cortada, já São Pedro, que era judeu, foi crucificado. Quando se
tratava de um soldado do exército romano, antes da decapitação, ele deveria
sofrer o suplício da flagelação.
Assim também ocorreu com Santo Expedito, depois de ser flagelado até
derramar sangue, teve a cabeça decepada. Era o dia 13, das calendas de Maio,
isto é, 19 de Abril de 303. Assim afirmam os martinólogos da época.
Outros cristãos pereceram com ele do mesmo modo, supondo-se serem seus
companheiros de armas. São os mártires: Hermógenes, Caio, Aristônio, Rufo e
Gálatas. Nada mais podemos adiantar sobre o martírio de Santo Expedito, pois a
história silencia a esse respeito.
Pouco importa. A única conclusão é que Santo Expedito, chefe da 12ª
Legião, era seguramente uma alma de fé muito grande, pois preferiu perder sua
situação e até sua vida a renunciar à sua religião.
Não se sabe o que foi feito do corpo do heróico mártir. Piedosas mãos
devem tê-lo sepultado em local hoje desconhecido.
Sua lembrança, ao contrário, ficou guardada na memória dos cristãos e
os primeiros escritores eclesiásticos puderam escrever seu nome entre os que
tinham derramado seu sangue pela fé.
O culto a Santo Expedito e seus símbolos
Seu culto se estabeleceu em sua pátria, transpondo o Oriente e passou
para a Alemanha meridional. De lá se espalhou pela Itália, sobretudo na
Sicília, na Espanha e difundiu-se pela França e Bélgica. Em várias igrejas do
mundo apresentam-se estátuas representando Santo Expedito, com traje
legionário, vestindo uma túnica curta e um manto jogado militarmente atrás das
espáduas, tendo postura marcial. Em uma mão segura uma palma e na outra uma
cruz.
Sua atitude é de um homem pronto para a ação. É nesta postura, cheia de
entusiasmo e generosidade, que os fiéis viram o defensor e patrono das
"Causas Urgentes".
A piedade popular, sempre confiante, tem dessas invenções, que não se
podem censurar. Dentre as porções de insígnias simbólicas que a Idade Média
adotou à estátua, o Santo, ainda hoje, calca com seu pé um corvo que se consome
a lançar seu grito habitual: "Crás" (palavra latina que siginifica
"Amanhã"). Mas "Crás" denota a dilatação, o deixar para o
dia seguinte ou mais tarde, tudo o que se deve cumprir imediatamente. Assim,
Santo Expedito, esmagando a ave fatalmente, lhe responde com a cruz que segura
na mão direita e que leva uma única palavra: "Hodie!" (que significa:
"Hoje"), exprimindo, assim, sua vontade de lançar fora qualquer retardamento
ou hesitação no cumprimento da tentação, que como sugere, adiar para o dia
seguinte. A piedade popular vê neste símbolo, a prontidão com que Santo
Expedito quer acolher as preces dos fiéis que recorrem a sua intercessão, daí
ser título de patrono das "Causas Urgentes".
O nome de Santo Expedito
Todos os historiadores estão de acordo na fixação da época e local em
que Santo Expedito morreu pela fé. Mas tal não acontece quando se trata de seu
nome e da significação que convém dar-lhe.
Aliás pode-se indagar se trata-se de um nome propriamente dito ou de um
apelido ligado, seja à sua pessoa, ou mesmo a toda a legião de que era o chefe.
As opiniões diferem. Primeiramente é conveniente ressaltar que havia no
exército romano duas espécies de soldados: o "expeditus" e o
"impeditus".
O "expeditus" era assim chamado porque tinha um armamento
leve e desembaraçado de toda a carga de que era encarregado o
"impeditus". Toda uma parte da milícia (os "expediti"),
levemente equipada, podia à primeira ordem, entregar-se à defesa do território.
Os "expediti" formavam, assim, um corpo inteiro ao qual teria
pertencido Santo expedito. Uma pura coincidência teria favorecido o
relacionamento do nome do Santo com o das tropas que ele comandava. Neste caso,
"Expeditus" ter-se-ia em seguida tornado um nome próprio. É uma
primeira interpretação.
Mas a opinião mais difundida e que repousa sobre outros casos
semelhantes, freqüentes em todas as regiões e em todas as línguas, acha que
"Expedito" ter-se-ia tornado o nome do Santo, porque lhe teria sido
dado como apelido exprimindo perfeitamente o traço dominante de seu caráter: a
presteza e a prontidão com que agia e se portava então no cumprimento de seu
dever de estado e, também, na defesa da religião que professava. Era assim que
os romanos davam freqüentemente a certas pessoas um apelido, que designava quer
um traço de seus caráter ("Felix": Feliz; "Constans":
Constante), quer o lugar que ocupavam entre os filhos de uma mesma família
("Primus": Primeiro; "Sextus": Sexto; "Octavus":
Oitavo); até a cor de seus cabelos ("Rufus": Ruivo;
"Niger": Negro) etc. Este apelido acabava por designá-los
nominalmente, do mesmo modo que em português temos sobrenomes como: Russo,
Negro, Branco, Castanho, Grande, Pequeno e até Raposo, Coelho, Leitão, etc.).
Este nome, qualquer que seja a origem de sua significação, é suficiente
para fazer reconhecê-lo. O nome condiz, em todo o caso, com a generosidade e
com o ardor de seu caráter, que fizeram dele um mártir.
Seguramente Santo Expedito é um Santo que podemos invocar com toda
confiança nos "casos urgentes", sendo numerosas as graças obtidas por
intercessão nessas circunstâncias.
Mas não devemos esquecer que o melhor culto que podemos tributar-lhe
não é somente invocá-lo nos "casos urgentes", e sim imitá-lo na
prática generosa da virtude e do cumprimento fiel de todas os deveres do nosso
estado.
Fonte:
http://www.homemsonhador.com/SantoExpeditoQuadro.jpg
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